terça-feira, 26 de outubro de 2010

CELEBRAÇÕES DO SENTIR


Recebi um convite de uma festa de noivado... Ha quanto tempo não ouço falar em “festa de noivado”? Esse laço romântico que se resume em -namoro-noivado-casamento parece que a cada dia fica mais distante e mais dificil.
O namoro, que era uma fase de extrema beleza e encanto, momento de escolha e conhecimento, atualmente perde esse caráter. Chega o momento em que o jovem não namora, apenas “ fica “.

A relação, que era de mutuo conhecimento, passa a ser de encontros fortuitos, para noitadas ou festas. Como a tendência é de diminuírem os casamentos, também diminuem os noivados. Como conseqüência da nova modalidade de namoro (o ficar) as relações sexuais, pré-matrimoniais proliferam, dispensando a festividade glamurosa e comprometedora do noivado e do casamento. Antes o sexo era um tabu, algo só para quatro paredes, depois do casamento. As mudanças sócio-econômicas fizeram aparecer novas posturas, onde os pais já se preocupam não mais com a virgindade dos filhos, mas com o sexo seguro e os preservativos são mais importantes na bolsa da garota que o batom.

Os pares se conhecem, começam a dormir juntos e assim permanecem até que seja bom e conveniente para ambos. As separações, que já fazem parte do cotidiano, também não são, como antes, traumáticas. A não ser, talvez, para os filhos que surgem, por vezes acidentalmente...
A igualdade tão buscada pelas mulheres em relação aos homens ainda não foi totalmente conquistada, porém, a liberdade adquirida até agora, muitas vezes, tem sido a causa de atritos diversos nos relacionamentos.

Ja casei duas vezes, e ainda agora na maturidade, meu coração anseia por um companheiro, assim como a maioria de homens e mulheres da minha idade com quem convivo, e que por alguma razão estão sós. Conheço mulheres maduras que ficam exultantes com a idéia de um noivado ou uma festa de casamento.

Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre muito, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.

Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.

E sentir, num futuro próximo, vai ser o verbo de comando da vida, em todos os aspectos!

Vejam que texto belissimo de Leon Denis:

“O que acima de tudo caracteriza a alma_humana é o sentimento. É por ele que o homem se prende ao que é bom, belo e grande; ao que será o seu amparo na dúvida, a sua força na luta, a sua consolação na prova.

E tudo isso revela Deus. Deus é a grande alma universal, de que toda alma humana é uma centelha, uma irradiação. Cada um de nós possui, em estado latente, forças emanadas do divino Foco e pode desenvolvê-las, unindo-se estreitamente à Causa de que é efeito.
Mas a alma humana ignora-se a si mesma; por falta de conhecimento e de vontade, deixa as suas capacidades interiores em letargo. Em lugar de dominar a matéria, deixa-se por ela freqüentemente dominar; eis a fonte dos seus males, das suas fraquezas, das suas provações."
LÉON DENIS

Um comentário:

Zé Clemente disse...

"Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora. "

Fenomenal. É a única coisa que eu posso dizer. Voce escreve muito.