Continuando pelo Rio de Janeiro, nessa época de carnaval, imagens irreverentes e belas povoam minha memória, quando me vejo há alguns anos atrás, observando esse povo carioca em plena farra dos feriados, sambando e cantando pelas ruas.
Afora quando vi um motorista de ônibus, dirigindo vestido de Carmem Miranda,de turbante de frutas e batom em plena segunda-feira de carnaval, com o braço peludo cheio de pulseiras coloridas, dando sinal pra entrar, acreditei que tudo era possivel, em termos de brincadeira naquela cidade!
Mas me chamou muito a atenção, o que vim a descobrir depois se tratarem dos "Clóvis".
No começo estranhei, vendo vários grupos de mascarados, fantasias parecidas, mas ao mesmo tempo diferentes, nas cores e no rosto de massa ou pano pintado.
Mas os "clóvis", são fantasias que lembram um palhaço arteiro, aprontando todas. Muito comum entre os cariocas, que externam sua alegria de um modo tão contagiante.
Que coisa boa, poder pular, cantar , brincar, sem que ninguem julgue ou critique, sem que a própria vaidade interfira, pois a fantasia cobre da cabeça aos pés! E esse anonimato é fascinante para se exercitar uma liberdade e fazer parte de uma folia!
Imagino voltar a ter doze anos, com toda as situações que isso implica!
Mas sonhos e brincadeiras á parte,pesquisei sobre o assunto e encontrei algumas definições:
"Os Clóvis aparecem na periferia do Rio - principalmente na antiga zona rural, compreendendo Padre Miguel, Realengo, Santa Cruz, Campo Grande e Pedra de Guaratiba - Não sendo vistos na Centro, na zona Sul ou nos bairros mais urbanizado da zona Norte.
A característica principal do Clóvis é o anonimato obtido através do uso de roupa larguíssima, que esconde o corpo, complementada por meias e luvas encobrindo as extremidades.
Também o rosto é oculto por uma máscara de tela pintada, sendo os cabelos presos por uma malha e recobertos por ráfia ou por material sintético que imita o cabelo humano.
É como uma fantasia de palhaço em que se colocasse por cima um colete bordado de lantejoulas e espelhinhos e uma capa também bordada com símbolos que representam a vida e a morte.
A máscara apresenta igualmente uma simbologia de oposição vida-morte, algumas delas exibindo palavras como killing e outras tendo a forma de caveira com uma chupeta na boca.
Os Clóvis saem à rua em bandos, completamente mascarados e sem um centímetro de pele aparecendo.
Vêm pulando, soltando grunhidos, voz rouca, ou em falsete, debochando dos conhecidos ou dos simples passantes e batendo no chão, com estardalhaço, a bexiga de boi, amarrada por um barbante a um pedaço de pau.
As fantasias mais cuidadas são aquelas feitas em casa, nas quais o bolero de cetim apresenta-se mais rico no bordado de lantejoulas coloridas, formando desenhos abstratos ou figurativos.
Em certos locais os boleros cedem lugar às vistosas capas bordadas ou enfeitadas com purpurina, retratando super-heróis, figuras de histórias em quadrinhos ou desenhos animados, como o Homem-aranha, Brasinha, Mickey ou Popeye.
Todas as fantasias apresentam como marca característica a criatividade na combinação e exuberância de cores no cetim". ("Mascaras e Fantasias do Carnaval" -Dinah Guimaraens)
Um comentário:
Oi Mariza. Faço Faculdade de Letras, em Lisboa, Portugal. Vou fazer um trabalho sobre os grupos de Clóvis e este artigo ajudou-me muito. Muito obrigada por partilhar connosco esta informação, uma vez que é uma realidade distante da que vamos vivendo por aqui. Um beijo, Andreia
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