quinta-feira, 15 de julho de 2010

CHUVAS


Pequena ainda, morando no casarão da Rua dos Ingleses, meu mundo de fantasias era feito de historias de fadas e bonecas, jogos de montar e olhadelas pelo portão no mundo lá fora. Um dia de verão uma chuva desabou sobre S.Paulo, e o quintal se transformou numa lagoa rodeada de trovões assustadores e nuvens escuras. Meu medo extrapolou e chorando agarrei a saia de minha mãe, que abrindo a janela, me fez sentir o cheiro da chuva caindo no quintal e a beleza das gotas que se assemelhavam a pequenas xícaras.
Embevecida mudei do medo para o encanto.

E na adolescencia cheguei a tomar chuvaradas de propósito, só pra sentir a agua abençoada escorrendo pelo corpo. Mais tarde, saberia que essa agua da chuva, realmente limpa todas as energias negativas!

Mas sempre me admirei com a força da natureza, em tempestades de vento e chuva, como uma visão privilegiada da mão de Deus sobre o homem.
Essas imagens se imortalizaram no cinema e no inconsciente coletivo, como Gene Kelly "Dançando na Chuva", ou em beijos romanticos e molhados, mostrados na poderosa tela do cinema.
Hoje presenciei uma tempestade no campo, curvando as árvores e escurecendo o dia, no planalto ao longe de montanhas e verdes. Respirei fundo, e agradeci. Pois hoje sabemos, que essas tormentas de água são bençãos para a terra seca, mas em muitos casos podem se transformar em trágicas inundações.
Então, para suavizar um pequeno poema de Paulo Leminski:

DANÇA DA CHUVA

senhorita chuva
me concede a honra
desta contradança
e vamos sair
por esses campos
ao som desta chuva
que cai sobre o teclado
- Paulo Leminski -

Um comentário:

Paulinha Popovic disse...

ó chuva....
eu peço q caia devagar...