Na época em que eu trabalhava na produtora de filmes comerciais do Sr. Scatena, que geria tambem um grande estudio de gravações, aconteceu um episódio (dentre tantos) especialmente marcante.
Vez ou outra eu dava uma espiada no estudio, para ver o andamento das filmagens. Nessa época o Sr.Scatena deu oportunidade de emprego a um ex-presidiário, já com uma certa idade, para o cargo de faxineiro.
Dizia que havia assassinado a mulher, ao pega-la na cama com outro homem.
Pegou 26 anos de cadeia, leu tudo que podia, instruiu-se bravamente, mas ao sair só conseguiu um emprego na faxina.
Era um homem muito timido e retraido, mal sorria ou falava, estranhando tudo, os novos tempos e costumes, o linguajar, o jeito das pessoas. Era outro mundo para ele.
Num começo de semana, caminhando em direção ao estúdio para ver os atores que chegavam para entrar em cena, vi o faxineiro em pé na escada, vassoura na mão, olhos esbugalhados, com a maior cara de espanto. Suas mãos trêmulas apertavam o cabo da vassoura, o suor tomando conta do rosto.
Acompanhei seu olhar e vi o motivo: Sandra Bréa, fumando um cigarro, descansava de robe entreaberto, sentada com as pernas cruzadas, só de calcinha.
Toda a equipe técnica, maquiadores, cenografistas, circundavam a estrela, ocupados e abstraidos daquela visão que embasbacou o faxineiro.
De repente ela levanta, tira o robe, e só de calcinha dá continuidade á cena, com a luz iluminando seu rosto fulgurante e sua nudez. E novamente senta e cruza as longas pernas, com os seios expostos.
O faxineiro estático, tambem não percebia nada á sua volta, nem minha presença, nem o mundo novo que se apresentava a ele, deixando-o a pensar, o tanto que perdera de vida nos 26 anos recluso.
Aquela cena, foi muito mais chocante, do que ver a Sharon Stone em "Intinto Selvagem" na antológica cruzada de pernas que fez a fama do filme...
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