sexta-feira, 6 de março de 2009

ENSINANDO A TOCAR VIOLÃO


Quando percebi que tinha ouvido, tanto para o piano como para o violão, quis tentar me aprofundar no assunto.
Assim aos 14 anos comecei a estudar violão clássico: Tárrega, Albeniz e todos os estudos minuciosos onde as pestanas escorregavam marcando os dedos nas cordas de aço.
Aos 16 comecei a lecionar para ganhar um dinheiro fora da mesada de meu pai, e espalhei pelo bairro a novidade: a molecada acompanhada das mães começou a aparecer para testar minha paciência.

Alguns, como dois irmãos encapetados, corriam pela minha sala mexendo em tudo, enquanto eu tirava a ultima musica do Carlos Lira, suspirando de cansaço e tédio.

Outros, como a balzaquiana apaixonada pelo Agnaldo Rayol, me forçou a conhecer todo o repertório do cantor, para poder tirar suas músicas prediletas.

E tinha o garoto cheio de espinhas, mais a fim de me paquerar do que aprender violão.

Durou muito pouco minha carreira de professora de violão. Percebi que esse encargo exige uma doação extra de paciência e rigor, o que pela minha personalidade inquieta e pulsante seria quase que impossivel dar continuidade.

Mas me pegaram tambem pelo lado da timidez: primas e amigas me empurravam para o centro das festas e reuniões, sempre apontando com um riso sádico: -ela toca!

Madrugadas inteiras na praia, tocando até os dedos sangrarem.

Se por um lado, eu tremia nas bases ao encarar o publico e a platéia, por outro, o prazer de cantar e tocar extrapolava este mundo, me colocando esquecida de tudo num paraiso sem fim.

Hoje olho meu velho violão esquecido num canto, os dedos endurecidos que já esqueceram quase todas as pestanas e penso em reavaliar minha vida através da retomada de um simples e singelo prazer...


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