quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

CHUVA


Quando pequena, no casarão da Rua dos Ingleses no Bexiga, ao ver todo aquele aguaceiro caindo no quintal, espiava medrosa da janela, chamando por minha mãe e choramingando de medo. Os raios clareavam tudo e o vento assobiava, batendo as venezianas da casa.

- Olha o pingo quando bate no chão molhado, parece uma pequena xícara de café.

Bastou essa frase de minha mãe, para que todo o meu medo fraquejasse e a imaginação tomasse conta de toda aquela visão. E mesmo com os raios clareando o quintal, meus olhos buscavam as pequenas e rápidas xícaras, formadas pelos pingos fortes da chuva. Esquecida de todos os medos, embevecida pela forma do pingo, esquecida do pavor da chuva.
As vezes, a solução para tudo é mais fácil e simples do que pensamos.

E assim, clareio minha maior certeza nessa vida, diante de todas as situações: tudo depende do ponto de vista.

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